terça-feira, 22 de outubro de 2019

Os “Capitães de Areia” Meninos/Homens de Jorge Amado

Os “Capitães de Areia” Meninos/Homens de Jorge Amado

Na primeira seção desta obra de Jorge Amado – Cartas à Redação – ouvimos diversas vozes sobre de quem é a culpa pelas atividades criminosas dos Capitães de Areia. Trazendo essa reflexão para a atualidade: seria culpa da maioridade penal que impede a juventude de ser presa?
Um jornal noticia “sobre a atividade criminosa dos Capitães da Areia, nome pelo qual é conhecido o grupo de meninos assaltantes e ladrões que infestam a nossa urbe […] Crianças que, naturalmente devido ao desprezo dado à sua educação por pais pouco servidos de sentimentos cristãos, se entregaram no verdor dos anos a uma vida criminosa […] O que se faz necessário é uma urgente providência da policia e do juizado de menores no sentido da extinção desse bando e para que recolham esses precoces criminosos, que já não deixam a cidade dormir em paz o seu sono tão merecido, aos Institutos de reforma de crianças ou às prisões.
Não difere muito do que aparecem nos jornais e na televisão hoje em dia, no entanto está em “Capitães da Areia” livro de Jorge Amado publicado pela primeira vez em 1937. Nessa primeira seção da obra – Cartas à Redação – ouvimos diversas vozes sobre de quem é a culpa por essa situação.
Trazendo essa reflexão para a atualidade seria culpa da maioridade penal que impede a juventude de ser presa, é por isso que a mídia fala tanto nisso? É a policia que não age? Como neste artigoneste artigoaquiaqui e aqui. De quem é a culpa? É através de punição e violência, que se resolve o problema? A resposta não é simples, mas sem dúvida passa pelo NÃO. A violência policial e a prisão não são respostas para os problemas dessa juventude.
Vamos adentrar mais na história desses meninos do Cais da Bahia, e conhecer suas trajetórias e a sobrevida das condições que lhes foi imposta “Vestidos de farrapos, sujos, semi-esfomeados, agressivos, soltando palavrões e fumando pontas de cigarro, eram, em verdade, os donos da cidade, os que a conheciam totalmente, os que totalmente a amavam, os seus poetas”Sob a Lua num Velho Trapiche Abandonado as crianças dormem, é curioso notar que comece assim essa parte do livro, para que não nos esqueçamos que se tratam de crianças.
(Texto compartilhado- http://www.esquerdadiario.com.br/Os-Capitaes-de-Areia-Meninos-Homens-de-Jorge-Amado)

Livros - Capitães da areia (imagens)







Frases de Capitães da areia

“A liberdade é como o sol. É o bem maior do mundo.”
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“Os homens valentes têm uma estrela em lugar do coração. Mas nunca se ouviu falar de uma mulher que tivesse no peito, como uma flor, uma estrela.”
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“Que importa morrer quando se vai em busca da amada, quando o amor nos espera?”
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“E achava que a alegria daquela liberdade era pouca para a desgraça daquela vida.”
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“Achava a vida boa, as mulheres belas, os homens amáveis para com ele, mas achava que a bebida era boa também, fazia os homens mais amáveis e as mulheres mais belas.”

“Porque a revolução é uma pátria e uma família.”

Capitães da Areia
  • “Porque a revolução é uma pátria e uma família.” ...
  • “Porque agora sabe que ela brilhará para ele entre mil estrelas no céu sem igual da cidade negra.” ...
  • “Só vê as luzes que giram com ele e prendi em si a certeza que está num carrossel.” ...
  • “Mesmo não sabendo que era amor, sentiam que era bom.”

A importância da obra


A obra é extremamente rica, profunda e essencial para a literatura escolar. Diferentemente de outras obras do período, os Capitães da Areia não são analisados de uma perspectiva policial, mas de uma conjuntura social. Todos eles estavam ali por conta de tragédias pessoais que os levaram até a rua e o modo de vida que eles tomavam é o que os ajudou a sobreviver.
análise social da obra também se guia através do conceito de luta de classes; há uma perspectiva voltada para a esquerda nas entrelinhas dos relatos. Isso pode ser percebido principalmente através de dois personagens: Bala é filho de um líder sindical morto por policiais; João de Adão é o líder político dos estivadores e muito ajuda os Capitães.
Cada um dos Capitães se percebe muito carente de afeto e abre mão da sua infantilidade ao viver nas ruas. Logo, cada um destes se encontra como pode: nos livros, nas rezas, nas prostitutas ou até mesmo nos seus companheiros. Ainda, a morte de Almiro por varíola é uma amostra de como a Saúde Pública não tinha capacidade de atender a demanda dos setores menos abastados da população baiana.
Em 2011, foi lançado um filme homônimo baseado no livro de Jorge Amado, que também conta a história dos meninos do trapiche.
A importância desta obra se dá pela perspectiva dos relatos da época e pelo fato de que, quase cem anos depois, grande parte mazelas sociais denunciadas ainda estão presentes na sociedade.

O que o livro ensina?

O que o livro ensina?

Todos os personagens do livro têm características onde eles se destacam e em algumas vezes geram apelidos para eles. Além de Bala, o líder, mais cinco meninos fazem parte dos Capitães; mais tarde, uma moça se incorpora ao grupo e se torna a primeira Capitã.
João Grande é o segundo comandante dos Capitães, e se destaca por sua bondade e seu porte físico avantajado. Professor é o mediador do grupo, leitor voraz e exímio desenhista. Volta-Seca, afilhado de Lampião, deseja tornar-se um cangaceiro.
Gato, malandro e sedutor, se envolve com uma prostituta. Era ágil, elegante e sempre andava bem arrumado. Pirulito, extremamente religioso, sonhava em ser sacerdote. Sem-Pernas, coxo, se aproveitava se sua limitação física para ser o espião do grupo. Boa-Vida era o mais preguiçoso do grupo. Dentre outros Capitães podemos citar o GringoBarandão e Almiro.
Os meninos contam com a ajuda de diversas pessoas na cidade. Dentre estes, podemos citar o Querido-de-Deus, capoeirista; a Don’Anninha, mãe de santo; João de Adão, líder dos estivadores e o Padre José Pedro. Por fim, se incorpora aos Capitães, uma menina, chamada Dora.
Em um contexto de Brasil no início de sua República Nova, a conservadora Bahia vê os meninos como escória social. Com uma breve exceção do Padre, os que ajudam os Capitães da Areia não têm um contato exato com a elite; não são marginalizados como as crianças seriam, mas também não pertencem a mais alta casta da sociedade soteropolitana.
Os capítulos do livro são acompanhados de notícias sobre os Capitães da Areia que refletem seus atos e indicam o pensamento da cidade em relação a estes, quase sempre de rechaço e desprezo.

Sobre Jorge Amado



Sobre Jorge Amado
Jorge Amado nasceu em Itabuna (BA), em 10 de agosto de 1912, e passou a infância em Ilhéus. Aos 19 anos surpreendeu a crítica e o público com o lançamento do romance “O País do Carnaval”. Desenvolveu uma literatura politicamente engajada e, nos anos seguintes, publicou “Cacau” (1933), “Suor” (1934), Jubiabá” (1935) e “Capitães da Areia” (1937).
Fez os estudos universitários no Rio de Janeiro, formando-se bacharel em ciências jurídicas e sociais. Em 1945 foi eleito deputado federal pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), tendo participado da Assembléia Constituinte de 1946 e da primeira Câmara Federal após o Estado Novo. Perdeu o mandato em 1948, depois que o PCB foi colocado na ilegalidade. Deixou o Brasil e viveu cinco anos na Europa e na Ásia.
Com Gabriela, Cravo e Canela (1958) iniciou nova fase literária, marcada por um estilo picaresco, de personagens malandros e bufões. Morreu em 6 de agosto de 2001, em Salvador. É o romancista brasileiro mais traduzido e conhecido em todo o mundo.
Suas principais obras são: “O país do carnaval” (1930), “Suor” (1934), “Mar Morto” (1936), “Capitães da areia” (1937), “Gabriela, cravo e canela” (1958), “A morte e a morte de Quincas Berro d’Água” (1961), “Dona Flor e seus dois maridos” (1966), “Tieta do agreste” (1977), “Farda, fardão, camisola de dormir” (1979) e muitas outras.